Thursday, November 16, 2006
PASSÁRGADA LET’S GO! III
Nihil novi sub sole
Terminada as eleições e como prevíamos, não há nada de novo, estranho isso, pois se ao mesmo tempo o novo seria o velho e este o que não gostaríamos que fosse o novo então escolhemos mais uma vez o velho para que o novo-velho não nos surpreenda.
(Eu)
A fim de política?
Enfim à política, ou então o fim da política, melhor dizendo... Enfim o fim da política!
(Eu)
Que eco deixaremos para nossos futuros sábios? “Sábios em vãoTentarão decifrar O eco de antigas palavrasFragmentos de cartas, poemasMentiras, retratosVestígios de estranha civilização” Esse trecho de “futuros amantes”, do mestre Chico Buarque de Holanda, me fez repensar toda a idéia inicial que já havia formulado desta crônica,A música que faz alusão ao tempo que temos para amarmos, diz que “amores serão sempre amáveis” pra sempre, pro futuro, muito além de nossa concepção de espaço e tempo. [O amor é vivo, desprendido de qualquer pessoa, e nós sim, precisamos dele e nele nos prendemos, dessa forma,
cultivando-o dentro de nós ele bate asas e se perde do nosso alcance. Fazendo com que momentos de vivo amor, vividos em alguma época ecoe pro resto dos dias e logo outras pessoas transcrevem ou passam de boca em boca tentando ao amor sufocar
em pequenas linhas ou em poucas palavras aquilo que foi de apenas duas pessoas.] Outro dia assistindo ao documentário do cineasta Miguel Faria jr. (O Xangô de Baker street), sobre a vida de nosso eterno poetinha, Vinícius de Moraes, um sentimento de plena euforia me tomou, como se a alma
de nosso querido Vininha estivesse perpetuada em tudo que carrega consigo seu nome,
os relatos sobre a vida de Vinícius contados por aqueles que assistiram de perto sua vida e obra é sem dúvida, no mínimo, emocionante,
seu universo de poesia, boemia e música em função de paixões incandescentes que logo se misturam com amores imaculados, nos remete a utopia do amor perfeito, estar a par da saga de Vinícius é adentrar no mundo onde a busca
deste amor era incessante, prioritária e impreterível,
de tanto e o quanto ele buscava este cálido sentimento que nos dias de hoje, de tão descolado de sentimento qualquer, chega a nos parecer uma busca inverossímil.
Mas Vinícius buscava este com tanta garra e de tantas palavras em suas poesias e músicas que tenho a certeza e creio que em algum momento este mundo teve em suma a real busca do que seria amar o amor.
Vinícius morreu em 1980 aos 67 anos, o que suponhamos uma idade “normal” para se morrer (estranho isso), uma idade normal para um ser humano que se empenha nas funções cotidianas e padronizadas da sociedade, aqueles que acordam, trabalham, comem e domem,
mas Vinícius, não, ele precisava de muito mais tempo por aqui, talvez a eternidade,
para que enfim ele trouxesse no peito e para nós o amor que em 67 anos de vida buscou, ou se mesmo este sentimento fosse mais relutante ao que se supõe, ele com esta eterna vida vivesse lado a lado deste amor infinito. Talvez em uma breve quimera poderíamos imaginar
o amor brincando de esconde-esconde nas sombras das luzes da eternidade.com Vinícius. De todas as partes do documentário, aquela que mais ecoa em minha cabeça confusa, seria a do mesmo Chico Buarque, compositor do trecho da música aqui citada,Segundo Chico, não existiria no mundo de hoje lugar o qual onde caberia a poesia de Vinícius, ele não conseguiria viver com toda essa ostentação de frivolidades tanto na media quanto nas ruas e a banalização dos sentimentos que nosso boêmio tanto defendia.Paro, penso, confesso que até hoje, alguns dias depois de ter assistido a este documentário, me sufoco com reflexões do que teremos para o futuro. - Será que não cabe mais a este mundo amar? Entre guerras que nos mostram como odiar, novelas que ensinam como trair, músicas que exaltam o sexo puro e pleno em nossas rádios.Talvez sejamos os sábios que em vão tentaram decifrar o eco de antigas palavras, aquelas palavras de amor proferidas em um tempo que não existe mais, podemos agora observar o quanto nos retrocedemos e ao futuro que estamos lançados. Ao invés de continuar-mos a busca do amor sendo guerreiros combatentes de toda dor do mundo, como fazia Vinícius, através da poesia, da música, da cultura,
o que nos resta no mínimo é tentar resgatar o que ainda não se perdeu, ou que estranha civilização seríamos nós? Não aquela da música, pois esta sim agora jaz não mais uma civilização estranha, porém, deveras e tristemente desconhecida para nos mesmos.